1

surrealismo tempestuoso

 Esse é um texto meio antigo meu. Foi em algum desses dias que eu estava poético, mas também bebia da água do non sense. Daí saiu isso aí:












Bem, lá estava eu, brandindo minha espada negra contra o último inimigo. O horizonte. Implacável, ele me encarava, e nunca, eu disse nunca, parava de me atacar com tuas gélidas gotas d'água. Completamente enfurecido - e encharcado - cheguei à conclusão de que não poderia vencer um inimigo ao qual eu nem ao menos poderia alcançar daquela forma.
Larguei no chão a minha terrível espada - um guarda-chuva com ponta de alumínio - e decidi fazer a coisa mais lógica no momento: voar. Ora, eu não queria alcançar o horizonte para vencê-lo? De que outra forma o faria, senão com uma abordagem direta? Então, eu o fiz. Comecei lentamente, sentindo o vento em meu rosto molhado, nos meus cabelos.. No começo, meus olhos arderam, eu os fechei, e quase enfiei a cara num poste, mas depois de acostumados, meus olhos mal piscavam. Ganehi velocidade e fui subindo, cada vez mais, e com mais coragem. E o horizonte não parava de em encarar, eu o senti enfurecer, mas ele não largava aquele sorriso maroto, e então respondeu à altura do meu desafio: Lançou uma enorme tempestade em mim, raios caindo a toda volta, aquele fervor que só a natureza sabia provocar com tua infinita fúria!
Parei. Comecei a pensar, e vi o quão inútil era entrar naquela batalha, então percebi que para vencer, eu precisava me entregar, sentir o vento em mim, para que ele me sentisse nele, e só assim me entenderia. Comecei então aquele processo, que mais tarde chamei de "entrar em sintonia com a natureza". Parece que funcionou, apesar de eu ainda não saber disso, naquele fim de tarde. Comecei a subir sem parar, até chegar perto das nuvens. Sabia o quanto era arriscado estar ali, mas não me importava, não temia. Fechei meus olhos e comecei a voar para longe. Aumentava a velocidade sem parar, e o vento contra mim também aumentava. Era maravilhoso, comecei a sorrir e a vibrar, pois só agora, eu sentia junto a natureza, cada gota daquela chuva tinha para mim, um significado, era como se fosse uma vida no mundo, um planeta no universo. Então eu relaxei, e relaxei e relaxei...
E o universo relaxou comigo. Tudo começara a acalmar naquele momento, e como diz o ditado, depois da tempestade, veio a calmaria. As nuvens tinham-se ido, dando-me tempo de ver aquele lindo pôr-do-sol... Algo impagável, para uma alma tão simplória e pequenina na imensidão do infinito.
Satisfeito por vencer mais aquela batalha diária de auto-conhecimento, abri meus olhos e fui tomar o café da manhã.

One Response so far.

  1. lindo texto, parabéns.
    já estou seguindo aqui - Adriana
    abs
    tititi da dri
    no face Adriana Lara Lara

Deixe seu Comentario

Opine, critique, elogie! Qualquer ideia é bem-vinda!